CAIRO - O primeiro-ministro do Egito, Kamal el-Ganzouri, anunciou nesta quinta-feira a dissolvição da diretoria da Federação Egípcia de Futebol e afirmou que seus antigos membros serão interrogados pela promotoria do país sobre os episódios de violência.
A decisão foi tomada um dia depois da tragédia ocorrida em Port Said, na noite de quarta-feira, em que 74 pessoas morreram e centenas ficaram feridas após confrontos entre os torcedores do Al Ahly e Al Masry.
El-Ganzouri, que participou de uma sessão emergencial do Parlamento, também informou que o governador da província de Port Said e o chefe da polícia da área pediram demissão.
Ativistas acusam a polícia e o exército de não terem realizado uma intervenção nos confrontos de Port Said, com o objetivo de aprofundar o clima de instabilidade no Egito pós-Mubarak.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediu explicações da Associação de Futebol Egípcia sobre a confusão que causou a morte de 74 pessoas na quarta, durante uma partida do torneio nacional. Nesta quinta-feira, em carta endereçada a Samir Zaher, presidente da Associação Egípcia de Futebol, Blatter voltou a lamentar o incidente, classificando a quarta-feira como um "dia negro", como já havia feito anteriormente, mas também pediu explicações sobre a tragédia.

"Compreendo perfeitamente o choque e a ira do país por um desastre desse ter acontecido. Hoje é um dia negro para o futebol e temos de tomar medidas para assegurar que tal catástrofe nunca mais aconteça. O futebol é uma força para o bem, e não devemos permitir que ele seja maltratado por aqueles que queiram o mal. Como discutido ao telefone, esta manhã, aguardo mais notícias de você sobre as circunstâncias dessa tragédia", escreveu Blatter à associação.

Egípcios acusam a polícia de não ter agido para interromper a confusão em Port Said. A briga começou quando torcedores do Al Masry invadiram o campo após uma surpreendente vitória por 3 a 1 sobre o Al Ahly. Os torcedores do Al Masry, armados com facas, paus e pedras, perseguiram jogadores e torcedores da equipe rival, que correram no sentido das saídas e até das arquibancadas para escapar, segundo testemunhas.

"Como sempre, a Fifa está do seu lado neste momento difícil e está pronta para fornecer qualquer tipo de apoio que pode ser necessário", finalizou Blatter.